O mercado pode ser um ambiente desafiador para um empresário iniciante. Não basta apenas uma boa ideia e algum aporte financeiro para se ter sucesso. A criação de uma empresa requer dedicação, investimento, conhecimento e muito trabalho duro. No entanto, existem mecanismos que podem te ajudar a tornar essa jornada um pouco mais simples. A avaliação de empresas, especialmente no caso de avaliação de pequenas e médias empresas, também muito conhecida pelo seu termo em inglês, business valuation (ou somente valuation para muitos), é um mecanismo que tem como objetivo determinar o valor justo de um determinado ativo, na maioria dos casos o seu próprio negócio.
No processo de determinação deste valor, o avaliador será levado a examinar vários aspectos da empresa, o que dará aos sócios uma visão diferenciada e detalhada do negócio que tem em mãos.
Existem diversas metodologias de avaliação de empresas que podem ser empregadas pelo avaliador para realização desse cálculo. A escolha sobre qual delas adotar deve ser feita com cautela e de preferência por um profissional experiente, já que cada método abordará a empresa sob um enfoque e terá um objetivo específico. Por isso, esta decisão deverá ser tomada considerando fatores como os propósitos do valuation e o estágio em que a empresa se encontra.
Ainda pouco difundido no Brasil entre os empresários de pequenos e médios negócios, o valuation já é largamente utilizado, de forma periódica, em grandes empresas e multinacionais. Porém, quando observamos o pequeno empresário e demais proprietários de empresas privadas, descobrimos que muitos deles vêem a avaliação não como o investimento que é, mas como uma ferramenta dispendiosa utilizada no momento de venda da empresa ou por desentendimentos entre sócios.
Na realidade, existem diversas ideias equivocadas envolvendo o valuation e que devem ser desmistificadas e afastadas. Ao se prender a análises superficiais, você pode estar se fechando para uma oportunidade de obter o conhecimento que precisa para evitar grandes prejuízos, ou melhor ainda: maximizar potenciais lucros.
O valuation deve ser visto, portanto, mais como um investimento no seu negócio, do que uma mera despesa. Isto porque o retorno que você obterá a partir dele virá na forma de conhecimento e este pode ser determinante para o futuro da sua empresa e o da sua família.
Ao longo deste guia, esperamos que você possa conhecer um pouco mais sobre o processo de valuation, com um enfoque em empresas privadas. Vamos nos aprofundar mais em suas principais metodologias de cálculo e esperamos que, ao final, você possa identificar e afastar os mitos amplamente difundidos no mercado para então pensar nos benefícios que você pode obter para sua empresa.
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Avaliação de Empresas: Como Avaliar uma Empresa e Suas Principais Metodologias
Antes de iniciar o processo de valuation, o avaliador deve fazer uma análise detalhada da empresa, observando sua estrutura e o segmento do mercado no qual atua, mas principalmente as intenções que motivaram os sócios a buscar uma avaliação. A partir desta primeira análise é que será determinado qual é o método mais indicado especificamente para a empresa a ser avaliada.
Existem diversas metodologias, dentre as quais, é possível perceber algumas opções mais usuais e confiáveis. Ainda assim, e este é um ponto chave para uma boa avaliação, a escolha sobre qual utilizar deve estar sempre pautada considerando a realidade da sua empresa.
Cada uma das metodologias que serão detalhadamente explicadas a seguir possuem abordagens diferentes e, portanto, serão indicadas em situações diferentes. Assim, todas apresentam ocasiões em que sua aplicação será benéfica ao mesmo tempo em que também apresentarão desvantagens.
1 – Avaliação de Empresas Através do Método dos Múltiplos de Mercado (Avaliação Relativa)
O primeiro método de avaliação de empresas, denominado avaliação relativa, pode parecer ser mais rápido de ser feito e também o mais simplista, mas isso não significa seja sempre fácil de determiná-lo. Ainda que possa parecer negativo empregar um método já dito “simplista”, em alguns casos a escolha da avaliação relativa será estratégica.
A avaliação relativa parte da ideia de que o valor justo de mercado da empresa X pode ser determinado observando os múltiplos de outras companhias semelhantes negociadas recentemente no mercado. Parte-se então a uma comparação entre esses múltiplos, que podem ser obtidos a partir dos indicadores como lucro, por exemplo.
Essa abordagem está fundada na premissa de que ativos similares devem ter preços similares, o que torna essa comparação possível de ser feita. Perceba que esse método ignora as características intrínsecas do negócio ao considerar apenas os múltiplos que, se mal interpretados por um profissional inexperiente, pode conduzir a um valor equivocado.
Dito isso, podemos pensar que essa metodologia de avaliação de empresas considera poucos fatores e que, portanto, o laudo pode ser elaborado mais rapidamente. É importante observar que é exatamente nesse ponto que esta metodologia pode se mostrar mais trabalhosa.
O universo de empresas selecionadas para esta comparação pode ser menor ou maior, o que neste último caso, irá impactar diretamente o valor encontrado, materializado em um ainda mais preciso. Além disso, a quantidade de empresas também influenciará na necessidade de um cuidado maior no manuseio dos diversos múltiplos e, portanto, impacta no tempo para a preparação do laudo.
Quando o empresário tem como um de seus objetivos o conhecimento amplo do valor de um negócio, o resultado obtido através de uma avaliação relativa não será satisfatório, já que como o próprio nome indica, trata-se de um método comparativo que estima apenas o preço teórico do negócio.
Outro ponto importante que o avaliador deve considerar na seleção das empresas é a disponibilidade de dados de negociações recentes, dentro do mesmo setor, de empresas do mesmo tipo e tamanho e, de preferência, na mesma região. Ao comparar empresas que atuam no mesmo setor, mas em mercados distintos, já existe uma grande chance de encontrarmos um resultado impreciso.
Como falamos, este método é arriscado e superficial. Portanto, deve ser empregado apenas em situações em que o empresário busca um panorama do mercado ou mesmo um valor aproximado em um tempo exíguo.
No caso das pequenas e médias empresas, o método dos múltiplos é pouco recomendado já que a maioria das transações que as empresas deste porte realizam não são divulgadas ou, quando são, não apresentam todas as informações de forma transparente.
2 – Avaliação de Empresas Através da Metodologia do Valor Patrimonial de Mercado (Avaliação Patrimonial)
Seguindo para um método já baseado em uma análise um pouco mais aprofundada, a Avaliação Patrimonial considera os dados contábeis da sua empresa para determinação do seu valor. Perceba que, neste caso, o valor será obtido a partir de fatores internos, como balanços contábeis, e não de meras comparações com empresas semelhantes.
Neste caso, para ser aplicada esta metodologia, o ativo, o passivo e o patrimônio líquido que as empresas têm registrado em seus balanços devem ser compatíveis com seus valores de mercado ou um que seja bem próximo. Deve-se ainda considerar a depreciação, a amortização e a inflação neste cômputo.
Existem duas formas de proceder a uma avaliação patrimonial e, em ambas, a avaliação de empresas (valuation) será pautada em dados contábeis, porém cada uma terá um objetivo bem específico.
Na primeira delas, a análise se limita a uma verificação do patrimônio líquido da empresa a partir de seu balanço patrimonial. Trata-se de uma abordagem pouco fiel a realidade já que o patrimônio estará baseado apenas naqueles bens que estão registrados no balanço (e na maioria apenas ativos tangíveis). Assim, a partir dos ativos, passivos e o patrimônio líquido, determina-se o valor da empresa seguindo a fórmula:
Valor da empresa (patrimônio líquido) = Valor do ativo total ajustado – Valor do passivo total ajustado
Existe ainda o método de liquidação, onde o cálculo também se baseia nos bens tangíveis da empresa, mas a diferença está no objetivo da avaliação. Neste caso, emprega-se este método quando a empresa está prestes a fechar as portas e os empresários precisam liquidar todos os bens disponíveis.
Por conta disso, geralmente há uma urgência na venda dos ativos, o que, muitas vezes, resulta em uma venda abaixo do seu valor de mercado, principalmente em função da pressa e do poder de barganha dos compradores
O valor obtido através deste método de liquidação será a soma de todo o patrimônio da empresa (bens, imóveis e créditos), já descontando o montante referente a eventuais dívidas e obrigações. Desta forma, o objetivo é determinar o valor que o empresário terá em suas mãos caso tenha que proceder a uma eventual liquidação total da empresa.
Fica claro que, em ambos os métodos, não há qualquer influência dos ativos intangíveis, que englobam as marcas, clientes, parceiros e fornecedores comerciais exclusivos. Isto, geralmente, significa que o valor encontrado pode ficar muito inferior ao valor real da empresa, quando for a hipótese de uma empresa que detém uma quantia considerável de seu patrimônio nas marcas que possui.
3 – Avaliação de Empresas Através do Método do Fluxo de Caixa Descontado (Discounted Cash Flow Method)
Dentre os métodos disponíveis, o mais abrangente e robusto é, sem dúvida, o de Fluxo de Caixa Descontado (discounted cash flow), também chamado de FCD. Trata-se de uma metodologia que analisa a empresa a partir inúmeras premissas, que vão além dos dados contábeis, com o objetivo de determinar o seu valor econômico. Esse é o melhor método para avaliar empresas privadas (pequenas, médias e grandes) na maioria dos casos (e também o mais justo).
O conceito fundamental no qual está baseado todo a metodologia é o fluxo de caixa. Quando nos referimos ao fluxo de caixa de um determinado negócio, o que consideramos a diferença entre a receita total de uma empresa e sua despesa em determinado período. Dito isso, é interessante perceber que existem diversos tipos de fluxos de caixa, sendo que cada um apresenta funções diferentes.
Para a aplicação do método de FCD, utilizamos o fluxo de caixa livre, pois é através dele que podemos prever as expectativas de um determinado negócio gerar frutos no futuro. O fluxo de caixa livre determina o valor disponível (livre) para a empresa após o pagamento de todas as suas obrigações operacionais e ainda reinvestimentos para fomentar o crescimento e perpetuidade da empresa.
Durante o valuation, consideramos o fluxo de caixa livre da empresa, atualizado para seu valor presente, além dos ativos não operacionais e o valor terminal/perpetuidade (ou residual).
Aprofundando os estudos de fluxo de caixa
Caso já possua uma maior familiaridade ou queira se aprofundar mais sobre o tema, vale destacar que o fluxo de caixa livre é calculado através da fórmula:
Fluxo de caixa livre = EBIT (1-t) + Depreciação (+/-) variação no capital de giro operacional líquido (+/-) variação no ativo imobiliário bruto
Entende-se por ativos não operacionais aqueles que não estão relacionados, diretamente, ao negócio principal da empresa. Eles podem ou não ser uma fonte de receita ao negócio, mas sempre apresentam como característica a possibilidade de alienação sem qualquer prejuízo ao bom funcionamento da empresa.
Na fórmula EBIT (Earning Before Interest and Taxes) é conhecido como LAJIR (Lucro antes dos juros e Imposto de Renda). Após descontar impostos EBIT também é conhecido como NOPAT (Net Operating Profits After Taxes).
Uma empresa não possui uma vida útil predeterminada e também não é possível dizer que uma entidade poderá existir para sempre, embora existam algumas empresas mundo afora com mais de um século de vida. Entretanto, não é uma tarefa fácil projetar fluxos de caixa para cem anos ou algum futuro distante. Por conta disso na maioria das avaliações os analistas projetam cerca de 10 anos e após esse período é calculado um valor terminal (também chamada de valor de perpetuidade, quando a empresa continuará existindo, ou liquidação, quando o analista considera seu fechamento ou liquidação). Muitos acreditam que o valor terminal corresponde o resíduo do valor de uma empresa, como se fosse o valor final de uma máquina após descontar valores de depreciação.
O valor terminal é quanto se imagina hoje que a empresa valerá ao final do horizonte de projeção. Soma-se todos os fluxos de caixa dos anos projetados e valor terminal e é necessário que se traga tal soma ao valor presente, que no caso da avaliação será utilizada a taxa de desconto para trazer tais valores ao valor presente.
Vantagens da aplicação do método de Fluxo de Caixa
Através da metodologia do FCD, descobre-se qual é o valor intrínseco do negócio e, a partir daí, torna-se possível projetar os fluxos de caixa para o futuro. A subjetividade é uma característica marcante deste método e é onde repousam suas principais críticas. No entanto, é exatamente isto que a torna tão rica. O FCD viabiliza considerar fatores que outros métodos deixam de lado, como:
- Reputação da empresa no mercado;
- Marcas e Patentes;
- Gestão empresarial;
- Clima organizacional;
- Carteira de clientes;
- Histórico de desempenho
Para chegar ao resultado da avaliação, as projeções dos fluxos de caixa devem ser confrontadas com uma taxa de desconto. Assim, a taxa de desconto, sob a ótica do investidor, torna-se um excelente indicativo do risco do negócio em si, sendo comumente utilizada no momento de decisão sobre investir ou não em determinada empresa.
Esta metodologia é, sem dúvida, a mais abrangente e, portanto, considera inúmeros dados que os demais métodos deixam de fora. Isto nem sempre é um ponto positivo, já que ao ser empregada por avaliadores inexperientes ou que desconheçam as características do setor de atuação do negócio avaliado, resultará em um valor inexato que pode comprometer todo o processo de valuation.
O FCD também consegue considerar fatores externos a empresa como a inflação e a depreciação, além da conjuntura econômica e da concorrência. Desta forma, o Fluxo de Caixa descontado poderá avaliar os riscos ao negócio e entregar uma análise completa.
Aspectos como eventuais falhas de gestão, um planejamento estratégico falho ou mau empregado, tudo isto ficará evidente após o valuation e poderá ser enfrentado de forma inteligente e com um planejamento orientado ao resultado.
O laudo produzido através do fluxo de caixa descontado é tão completo que poderá cumprir um papel fundamental na tomada de decisões e na compreensão ampla do negócio. Através dele, os empresários terão muito mais do que o valor da sua empresa, eles receberão um panorama rico em detalhes de negócio que têm em mãos.
Posso fazer a avaliação de uma empresa por conta própria? Ou devo contratar um profissional?
É bem comum ter dúvidas acerca da necessidade de buscar um especialista para conduzir a avaliação da sua empresa. O senso comum diz que a avaliação de um bem é um requisito necessário para apurar seu valor de mercado diante de uma venda ou aquisição. Esta ideia não poderia ser mais equivocada quando tratamos de empresas.
Existem vários fatores que levam os empresários a buscar uma avaliação do seu negócio, mas é interessante destacar que na maioria dos casos, este é um processo que deve ser conduzido, preferencialmente, por um especialista em valuation.
Normalmente, um leigo ou alguém com pouca experiência não terá a expertise para condução de um processo baseado em uma análise consciente dos demonstrativos contábeis do negócio. Caso isto se verifique, resultados irreais surgem como reflexo de uma má interpretação de dados e de um desconhecimento quanto à aplicação dos métodos existentes de valuation.
Avaliação de Empresas por conta própria
Sim, é possível que você mesmo faça a avaliação da sua empresa. Proprietários de micro empresas geralmente não possuem recursos para investir numa avaliação profissional e por isso eles tentam realizar o valuation do seu bem da melhor forma possível.
Portanto, tentaremos elencar algumas vantagens e desvantagens caso você opte por realizar o valuation por contra própria.
Vantagens
- Custo financeiro zero ou muito baixo;
- Caso opte por um método simples é possível realizar a avaliação rapidamente.
Desvantagens
- Requer conhecimento específico especializado;
- Qualquer erro de cálculo ou premissa poderá resultar num valor muito impreciso;
- Não será uma avaliação imparcial;
- Na maioria das vezes os outros sócios não concordarão com o valor da avaliação;
- Uma das partes poderá ser bastante prejudicada caso exista qualquer erro durante o processo;
- Provável perda de tempo pois caso haja discordância a solução será partir para uma avaliação profissional.
É importante salientar que um descuido na leitura do risco ou na hora de criar um modelo financeiro para avaliar o seu negócio poderá gerar um erro na casa dos milhões de reais, inclusive para pequenas empresas. Por este motivo, caso o sócio opte pela avaliação por conta própria, deverá estudar a fundo a matéria para que esse tipo de erro seja evitado.
Avaliação de Empresas Através de um Especialista
Quando a empresa já possui um faturamento expressivo é bem mais comum que os sócios procurem uma solução mais adequada. É compreensível que para um pequeno empreendedor o valor de investimento para contar com o serviço do especialista em valuation pode em alguns casos afetar seu fluxo de caixa no curto prazo.
Por outro lado, quando as partes negociam seu maior ativo com uma informação precisa isso pode fazer toda a diferença, tanto na vida do negócio em si quanto na vida particular dos interessados.
Vantagens
- A avaliação será totalmente imparcial;
- Um laudo técnico será emitido, que é o documento resultante da avaliação da empresa, o qual é peça central em negociações entre sócios e investidores. Um documento formal que faz toda a diferença;
- Sensação de segurança por causa do conhecimento técnico e experiência do avaliador profissional;
- Dúvidas poderão ser sanadas;
- Qualquer aspecto positivo tanto negativo poderá ser trazido para dentro da avaliação por conta da expertise do avaliador
Desvantagens
- O valor para contratar um profissional não é alto e tem seu retorno garantido, mas um micro empresário pode não considerar o investimento devido ao seu baixo faturamento;
- Dependendo da complexidade da análise pode demorar semanas.
As dificuldades extras de avaliar empresas privadas
As empresas de capital aberto têm suas ações negociadas livremente na Bolsa de Valores (B3) e as de capital fechado são negociáveis, mas apenas mediante a vontade e concordância dos acionistas/sócios.
Uma outra característica, mas que decorre da prática, é que as empresas de capital fechado tendem a ser sociedades menores, na mão de poucos sócios. Já as abertas, até mesmo por todas as exigências para a venda de ações na Bolsa e controle da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), terão de cumprir uma série de requisitos, inclusive com a transparência da sua contabilidade e balanço.
É possível notar que as sociedades fechadas, em especial as micro e pequenas empresas, terão uma menor rigidez de fiscalização. Isto aliado também ao menor porte, muitas vezes, significa que elas mantêm dados que tornam sua avaliação um processo que requer uma maior cautela.
É comum encontrar micro e pequenas empresas que conduzem negócios mais descuidados, já que não possuem acionistas e tampouco a CVM realizando um constante monitoramento de suas contas.
Algumas práticas rotineiras nestas empresas, e que devem ser apuradas com cuidado durante o processo de avaliação, são:
- Manter sua contabilidade desatualizada ou pouco detalhada, já que não haverá um controle tão rigoroso pelos órgãos reguladores de suas demonstrações contábeis no dia a dia empresarial;
- É comum encontrar a prática de vendas “por fora” ou sem nota fiscal;
- A remuneração dos sócios não é algo muito claro, sendo comum verificar que os sócios retiram quantias em excesso a título de pagamento (salário ou repartição de lucro);
- Será bem mais trabalhoso estimar a taxa de desconto, fundamental para a aplicação do método de Fluxo de Caixa Descontado, bem como as medidas de risco, conhecer amplamente a concorrência e outros dados que podem não ter nenhum registro;
Assim, faz-se essencial para estes casos que o avaliador contratado seja um especialista na área de valuation e que possua uma experiência neste tipo de empresa. Caso contrário, a subjetividade na formulação das premissas e projeções tornará a avaliação frágil e sujeita a deturpações.
A inflação e como ela interfere na avaliação de empresas
Um termo que nós, brasileiros, ouvimos todos os dias é Inflação. Associamos, de forma leiga, a alta inflação a um fenômeno ruim, que acarreta o aumento nos preços dos produtos que consumimos rotineiramente. A verdade é que o termo inflação representa um retrato muito mais amplo da economia do nosso país e tem impactos mais abrangentes do que apenas a alta de preços.
O primeiro conceito que deve estar claro quando falamos em inflação é que ela não se resume ao que popularmente se diz ser um mero aumento dos preços de mercado. Na verdade, este é apenas um dos seus reflexos mais sensíveis para a população. Podemos apresentar duas hipóteses corriqueiras onde o aumento dos preços não estará atrelado a um processo inflacionário:
- Dificuldades isoladas do setor produtivo que atingem a oferta – Pode advir de múltiplas causas, inclusive problemas de abastecimento, transporte de cargas e escoamento da produção ou mesmo uma dificuldade climática que impacta sobretudo a produção agrícola.
- Aumento pontual da demanda – Essa alta de preços também pode ser justificada por uma maior demanda por certos produtos, cuja oferta se mantém igual, como ocorre com aparelhos de ar condicionado nos meses de verão, por exemplo.
Perceba que ambas as hipóteses não são influenciadas pelo índice da inflação, sendo decorrentes das lógicas de mercado. O conceito de inflação está ligado a quantidade de dinheiro circulando na economia, ou seja, quando há muito dinheiro circulando, a moeda começa a se desvalorizar perdendo seu poder de compra. Isto se materializa no aumento irrestrito dos preços. Mas como há esse aumento da quantidade de dinheiro em circulação? Existem duas formas:
- Maior emissão de papel moeda pelo Banco Central
- Acesso ao crédito facilitado na forma de empréstimos e financiamentos
Em ambos os casos, as consequências serão as mesmas e deverá haver um grande esforço envidado para controlar este processo de forma que a economia seja afetada de forma muito gravosa. Entre as principais consequências, podemos destacar:
- Piora na distribuição de renda – Como as pessoas não terão seus salários corrigidos, muito menos na mesma proporção, haverá uma maior dificuldade de pagamento das contas habituais e dificuldade de aquisição dos artigos essenciais;
- Endividamento coletivo – Resultado em um curto prazo da diminuição do poder de compra, especialmente para as camadas mais pobres da população;
- Desvalorização da moeda nacional – Consequência clássica da diminuição do poder de compra.
- Desequilíbrio na balança comercial – Pode haver um desequilíbrio na balança comercial por conta de diferença de preços e câmbio;
- Aumento de riscos de investimentos no país – O processo inflacionário é visto por investidores estrangeiros como uma dificuldade do governo de controlar sua própria economia. Isto aumenta o risco sobre qualquer aporte de dinheiro em função da instabilidade econômica.
Como se pode notar, a inflação afeta drasticamente o mercado e deve ter seus efeitos considerados na avaliação de uma empresa. Não há um método que possa melhor considerar os efeitos da inflação do que do Fluxo de Caixa Descontado.
Quando o avaliador passa para a análise das projeções dos fluxos de caixa de uma empresa, caso ele não considere a inflação de forma razoável, encontrará um valor que não corresponde à realidade.
Empresa x Marca
Uma confusão conceitual bem comum, mas que deve ser esclarecida, é entre o significado de “empresa” e “marca”. Quando falamos de empresa, estamos nos referindo ao seu nome empresarial, aquele que consta nos registros da Junta Comercial associado a um determinado CNPJ.
Por outro lado, marca representa a identidade visual de um certo produto ou serviço, que, por sua vez, constará de um registro no INPI (Instituto Nacional da Propriedade Intelectual). Normalmente, as empresas lançam produtos e atribuem a cada um deles uma determinada marca. A confusão começa aí. O que usamos e o que costumamos fazer referência é a marca, mas a marca nada mais é do que um bem imaterial que a empresa detém.
É possível, sem dúvida, estabelecer uma correlação entre o nome empresarial e a marca, mas nem sempre isso ocorre. Uma empresa pode, inclusive, ser detentora de diversas marcas e explorá-las individualmente.
Ao se proceder a uma avaliação, o que você está buscando geralmente determinar é o valor da empresa. Sem dúvida que se esta empresa é detentora dos direitos sobre marcas de renome, estas integrarão o patrimônio avaliado.
No entanto, é possível também conduzir uma avaliação apenas de uma marca, sem ingressar em uma avaliação global da empresa. É evidente que quanto menor for a empresa, mais difícil será avaliar somente sua marca, já que elas se confundem perante o público.
Devo Fornecer Todas Informações que o Especialista em Valuation Pedir?
Durante a etapa de elaborar proposta para avaliar sua empresa, dificilmente o especialista irá pedir informações além de faturamento, margens operacionais/líquidas, dados sobre eventuais dívidas e etc.
Mas caso você se sinta inseguro é possível pedir para que o especialista assine um acordo de confidencialidade, também conhecido como NDA, ou non-disclosure agreement.
Ficou curioso(a) sobre esse documento? Veja nosso artigo sobre o que é nda.
Os mitos (perguntas e respostas) sobre a avaliação de micro, pequenas e médias empresas
Ao longo deste artigo, nossa intenção foi apresentar um panorama completo sobre o que é o processo de avaliação de empresas, além de mostrar sua aplicabilidade e os benefícios que você, empresário, pode obter ao fazer a avaliação do seu negócio.
Sabemos, no entanto, que existem diversas afirmações difundidas acerca do processo de valuation que são inverídicas ou, no mínimo, inexatas. Por isso, reunimos os principais mitos que cercam a avaliação de empresas com o intuito de esclarecer quaisquer dúvidas que ainda possam existir acerca do processo.
1 – Quando devo avaliar minha empresa? Somente na hora da venda, correto?
Existem inúmeras situações que podem levar um pequeno empresário a buscar o serviço de avaliação de empresas, que nem sempre serão decorrentes da sua venda. Podemos citar vários outros momentos de igual importância:
- Para fins de aposentadoria;
- Projetos de expansão;
- Outras decisões estratégicas;
- Para fins de divórcio ou inventário;
- Atrair investidores;
- Disputas legais;
- Entrada e saída de sócios;
- Outros motivos.
2 – O que determina o quanto vale uma empresa? Seu lucro líquido?
Quando falamos em lucro de uma empresa, em sentido amplo, representa o valor auferido por ela como retorno a um investimento, ainda que este seja o investimento depositado em um produto ou serviço. A partir deste conceito, surge a ideia de lucro líquido e lucro bruto.
Enquanto o bruto é aquele que considera apenas os custos variáveis existentes, o líquido contabiliza tanto custos fixos quanto variáveis e pode ser determinado a partir da seguinte fórmula:
Lucro líquido = Receita Total – Custos Totais
Uma das possibilidades de aplicação do método dos múltiplos é adotar o lucro líquido como parâmetro de avaliação, na verdade, esta é apenas uma das formas, o que está longe de significar que sempre poderá ser aplicada. Afinal, existem empresas que valem alguns milhões ou bilhões e, no entanto, ainda não apresentam lucros em seu balanço. Esse ponto merece, inclusive, uma abordagem mais detalhada na sequência.
O lucro também é devidamente contabilizando quando utilizamos o método do fluxo de caixa descontado.
3 – Quanto vale uma empresa que não gera lucro? Essa empresa possui algum valor?
Conforme já exposto, o lucro é o valor recebido pela empresa que resta após o desconto de todos os custos incluindo impostos. É o objetivo da maioria dos empresários que optam por criar uma empresa e investir em uma ideia, mas o caminho até ele não é fácil. Ao iniciar uma empresa começando do zero, será preciso muita dedicação e investimento para, então, colher algum retorno, especialmente financeiro.
Encontramos inúmeras empresas no mercado que valem bilhões e, no entanto, ainda não se pode afirmar que deem lucro. Tal realidade pode parecer estranha, mas na verdade, é mais comum do que parece.
No caminho até uma realidade realmente lucrativa, a empresa precisa de uma grande quantidade de investimentos. Conforme ela vai se consolidando, para crescer ainda mais no mercado, será necessário um alto volume de reinvestimentos. Isso significa que o lucro recebido pela venda dos produtos ou serviços deve ser aplicado novamente na empresa, ao invés de ser partilhado entre os sócios. Ou quando a empresa ainda não gera lucro é necessário a captação de investimentos mediante dívidas (empréstimos), aporte dos sócios ou investidores. Vale lembrar que quando o custo da dívida é menor que o custo do capital próprio é mais interessante aumentar a dívida da empresa e injetar mais capital na operação do que simplesmente sócios fazerem aportes ou atrair investidores.
É assim, com os recursos desse reinvestimento, que as empresas vão aperfeiçoando seus produtos e conquistando ainda mais consumidores. Caso contrário, muito provavelmente, esse negócio ficaria estagnado sem jamais alcançar o valor de mercado além do que já possui.
Por tudo isso, ainda que a ideia de lucro esteja associada ao sucesso e a um valor de mercado maior, existem inúmeros casos em que isso não se mostra ser verdadeiro. Claro que não significa que todas as empresas que dão prejuízo possuem um valor de mercado alto, pelo contrário. O que se deve ter em mente é que não existe uma correlação necessária entre o valor de mercado e o lucro apresentado anualmente.
Perceba que se uma empresa apresenta prejuízos ano após ano, sem qualquer perspectiva de mudança desta realidade, ela está no caminho da falência. No entanto, o fato de não gerar lucro, por si só, pode ser apenas o resultado de um reinvestimento com foco na expansão do negócio e, em casos como este, a empresa terá seu valor.
4 – O principal concorrente da minha empresa foi vendido por R$ 10 milhões de reais, logo minha empresa vale a mesma coisa, certo?
Um dos métodos de avaliação de empresas (valuation), o da avaliação relativa, realmente é feito a partir de uma comparação entre empresas similares, atuando dentro de um mesmo setor, para, então, encontrar o seu valor justo de mercado. Neste caso, a aplicação do método relativo requer um cuidado extra, por parte do avaliador, no momento da seleção das empresas que servirão como parâmetro.
O fato de empresas serem concorrentes não significam que estão no mesmo momento do seu ciclo de vida ou mesmo que possuam valores similares. É necessário, antes de mais nada, comparar os números dessas empresas para ver se elas podem mesmo servir como base comparativa umas das outras, caso contrário, o método de múltiplos estará servindo como uma ferramenta de manipulação de resultados, comparando sociedades que nada têm em comum.
No caso de pequenas e médias empresas é mais complicado utilizar essa metodologia, porque para usar os dados (multiplicadores) seria necessário saber os detalhes da negociação de outras empresas de porte parecido, o que é extremamente complicado de se conseguir.
5 – A maneira mais correta para avaliar uma empresa é multiplicando seu faturamento por 10
O processo de avaliação de empresas / valuation apesar de subjetivo, é pautado em teorias cuidadosamente formuladas e em uma análise dos dados e premissas das empresas objeto da avaliação. Isto significa que não existe uma fórmula infalível e rígida que sirva para a avaliação de qualquer empresa, indiscriminadamente.
Na verdade, muitas pessoas acreditam que existe uma fórmula mágica capaz de ser aplicada no processo de valuation, sem qualquer distinção, porém não há. Um dos grandes equívocos que um empresário pode cometer é acreditar nas fórmulas pré-concebidas de cálculo deste valor.
Ainda que bastante difundidas no mercado de consultoria e avaliação, essas fórmulas “mágicas” são criadas de forma irresponsável por pessoas pouco profissionais. Decorrem de aplicações simplificadas de uma metodologia que não possui uma regra rígida.
Portanto, fique atento a essas fórmulas prontas e tenha em mente que um cálculo que funcionou para a empresa A não necessariamente resultará em um valor justo e preciso para a empresa B.
6 – Os donos ou sócios da empresa a conhecem em detalhes e, portanto, sabem o valor de suas empresas muito melhor do que um especialista
Certamente, os donos ou sócios de uma empresa a conhecem profundamente. Eles podem ter uma boa compreensão do seu produto, da equipe e das finanças, mas muitas vezes, pode faltar a eles elementos que tornem a avaliação de empresas mais adequada para a realidade do mercado.
Ao buscar a avaliação de um negócio, uma das recomendações mais importantes é que ela seja conduzida por um especialista imparcial. O fato de ser um profissional especializado no assunto resultará em uma análise profunda e de qualidade, onde o avaliador poderá aferir cada especificidade da empresa e considerá-la da forma correta dentro de um processo avaliativo. Por ser uma análise bastante subjetiva, a experiência no campo costuma expressar o diferencial entre uma avaliação cautelosa e outra descuidada.
Além disso, a imparcialidade é um fator que também possui um grande peso neste processo. O olhar de um dos sócios, ainda que tenha um valor muito importante pelo conhecimento que tem do negócio, também estará carregado de expectativas ou frustrações. As emoções e até mesmo seu interesse pessoal pode deixá-lo cego para aspectos da empresa que não estão funcionando ou que não trazem o retorno que gostaria, mas que são valiosos para ele.
Sem sombra de dúvida, os sócios devem participar do processo de avaliação, sem que estejam a frente dele. O conhecimento que possuem será fundamental nesta jornada de avaliação, porém, eles não podem se despir de suas expectativas e, portanto, ainda veem sua empresa com uma carga emocional que o avaliador não deve carregar.
Essas expectativas dos sócios também não podem ser desconsideradas, já que têm uma relevância para o valor da empresa. Imagine que você é um investidor e, ao conversar com um dos sócios, ele é capaz de te passar a confiança que tem em seu negócio, bem como demonstrar toda sua dedicação e empenho na construção do seu sonho.
Hoje, este comportamento é chamado de skin in the game, um termo popularizado por Warren Buffett e muito usado por investidores no mercado de ações, que está relacionado com a ideia de “arriscar a própria pele”. Quando um sócio tem skin in the game, ele está apostando alto naquela ideia. Isso fica claro pois quando ele deposita seu próprio dinheiro no negócio, além do seu investimento com trabalho, e, portanto, tem muito a perder, caso o sucesso não chegue.
Isto é um indicativo positivo, mas certamente, os números e o mercado devem refletir esta mesma positividade. Caso contrário, serão apenas expectativas e que podem ser notadas claramente por um terceiro imparcial, que não tem tanto a perder.
7 – O valor de uma empresa equivale ao montante que um comprador está disposto a aportar. Logo não se pode realizar a avaliação de empresas utilizando fórmulas ou premissas
A afirmação de que o valor de mercado de uma empresa corresponde ao que um comprador está disposto a pagar por ela não é totalmente equivocada. Ainda que exista um aspecto verdadeiro na frase, criou-se uma relação de consequência que está longe de ser correta.
Existem diversas metodologias aplicáveis no cálculo do valor de uma empresa. Em todas elas, haverá um grau de subjetividade inerente a este processo. Porém, o valuation sempre estará pautado em dados e premissas formuladas.
É claro que o processo de valuation não carrega um determinismo e pode acontecer do avaliador encontrar um valor que não corresponde ao preço que um determinado comprador está disposto a pagar. Nesse caso, o preço pago na transação será ditado pelos envolvidos (comprador e vendedor), que podem negociar ou mesmo desistir da operação.
Seguindo este raciocínio, vale lembrar que o valor de uma empresa não necessariamente equivale ao seu preço. Enquanto o preço é determinante através do mercado, o valor carrega outros fatores como o potencial de lucro da empresa.
Por isso, existe uma falsa noção de que não é possível quantificar o valor. Tal ideia é, no entanto, equivocada. O que se deve ter sempre em mente é que o valor é flutuante e sofre interferências de inúmeras variáveis. Assim, quando falamos no valor de uma empresa, o subjetivismo que este conceito possui estará refletido no resultado final da análise de valuation.
O valor de uma empresa é, portanto, uma quantia intrínseca a ela que, mesmo com seu caráter subjetivo, não está exclusivamente baseado em um sentimento. Pelo contrário, o valor pode ser quantificado através de indicadores variáveis como o desempenho histórico da empresa, premissas que refletem seu potencial de crescimento.
8 – Tenho um valuation feito por um especialista, então posso utilizá-lo para qualquer fim, seja na partilha do divórcio, para conseguir um empréstimo no banco ou para determinar seu preço de venda
Como já mostramos, cada método utilizado no cálculo do valuation analisa a empresa sob um enfoque diferente. Cada perspectiva adotada pelo avaliador neste processo requer parâmetros diferentes e fórmula premissas específicas que são utilizadas exclusivamente para aquele fim.
Assim, é importante que, na primeira reunião entre avaliador e sócios, esses objetivos estejam bem definidos para que sejam considerados no momento da escolha da metodologia. Como dito, o valuation é uma análise subjetiva que, ainda que pautada em dados e premissas, está atrelado a uma carga grande de interpretação desses elementos.
Imagine que os sócios façam um valuation imaginando que sua empresa corre o risco de ter que fechar as portas. Espera-se, neste caso, que a liquidação da empresa é iminente e a aplicação da metodologia de liquidação pode ser a mais indicada naquele momento.
O primeiro aspecto que podemos apontar é que a metodologia de liquidação não considera os bens intangíveis que a empresa possui. Dependendo do ramo em que esta empresa atue, pode ser que seus bens mais valiosos sejam exatamente estes bens intangíveis.
Esse exemplo simples mostra como a motivação da avaliação, que geralmente será exposta pelo sócio no momento inicial deste processo, irá determinar toda sua condução e, em último caso, seu resultado.
9 – Fiz um valuation há 1 ano atrás e vou utilizá-lo como embasamento para vender minha empresa agora
A mesma ideia utilizada anteriormente quando tratamos do objetivo por trás do valuation também pode ser aplicada ao tempo transcorrido entre o laudo e o seu uso. A avaliação adota parâmetros em sua análise que correspondem a um momento específico e, como dito, com um propósito específico.
Imagine, portanto, que os sócios de uma empresa decidam avaliá-la pois entendem que ela está estagnada e não recebem o lucro que gostariam. Um ano depois, no entanto, assinam um novo contrato capaz de criar novas oportunidades de negócio, trazer investimentos e aumento do lucro.
Fica claro que esse contrato sequer existia no momento do valuation e, portanto, qualquer impacto que poderia ter sobre o valor justo desse negócio não será considerado. Neste caso, situações como esta podem ensejar o uso de um laudo de valuation desatualizado tanto com um valor a menor ou a maior.
10 – Meu negócio tem um potencial de crescimento muito grande e por isso estou pedindo um valor mais alto do que meu valuation
Não raro nos deparamos com empresários tentando obter um valor bem acima daquele encontrado em um valuation sob o seguinte argumento: “Meu negócio tem um potencial de crescimento enorme, basta…”. Neste momento, você já deve estar alerta. Não importa qual seja o fenômeno que o empresário pretenda incluir como decisivo para a valorização daquele negócio, ele ainda não existe.
É bem comum encontrar pessoas que dizem que basta um pequeno investimento e que o negócio vai deslanchar, outros apostam que falta um pouco de marketing, mas a realidade é que essa estratégia pode não passar de um blefe.
Ninguém sabe ao certo qual será o retorno que uma campanha de propaganda ou o investimento no aperfeiçoamento do produto ou serviço trará para a empresa. Utilizar esse discurso como forma de colocar um preço mais alto na empresa é apenas mais um exemplo de situação em que o preço e o valor não estarão correspondentes.
Outra situação corriqueira que encontramos é ouvir sócios que apelam para um suposto “potencial” do negócio ao ofertarem a venda, valendo-se disto para elevar seu preço. Tal prática deve ser analisada com toda cautela. Por óbvio que uma empresa pode realmente apresentar um potencial de crescimento astronômico, no entanto, um potencial não passa de uma mera expectativa e não deve ser encarado como certeza.
Por isso, não prospera o argumento de que atribuir um valor a essa expectativa e incorporá-lo ao valor justo de mercado seja uma simples matemática. Tenha em mente que esse acréscimo se torna um risco do negócio e não possui um embasamento fático, sendo fruto de mera subjetividade.
Esse tipo de discurso, normalmente, é originado por pessoas ligadas a empresa. Ainda que elas tenham um conhecimento profundo das nuances que faz a empresa X ser o que é, elas, invariavelmente, terão uma visão enviesada sobre o negócio. Caberá, neste caso, ao comprador sopesar o que está baseado em dados e quais são os aspectos que são fruto de suas expectativas sobre o negócio.