Introdução

O mercado financeiro é conhecido pela sua incerteza e volatilidade. Qualquer investidor ou acionista de uma empresa que atua há algum tempo no mercado de ações sabe que ele é afetado por inúmeros fatores, tanto previsíveis quanto imprevisíveis. 

Portanto, são pessoas que já estão acostumadas a criar estratégias de análise para aportar o seu capital e a manter um planejamento para não perder dinheiro, mesmo em tempos de recessão.

Um dos maiores investidores norte-americano, Peter Lynch, propôs uma classificação dos ativos comercializados na bolsa de valores em seis categorias, sendo uma delas a chamada Empresa Cíclica. 

O próprio nome já indica que é uma empresa que apresenta uma previsão de oscilação em seus números e indicadores, o que a torna interessante ao investidor quando bem analisada. 

Ao longo deste artigo, você conhecerá um pouco mais sobre as classes de empresas, em especial, sobre a categoria das Empresas Cíclicas. Além disso, trataremos das particularidades que a avaliação de uma empresa cíclica deve estar atenta para que o resultado deste valuation seja fiel a realidade.

As seis categorias de empresas

Peter Lynch foi um dos grandes investidores americanos, tendo ocupado a posição de gestor do Fidelity Magellan Fund, o maior fundo de ações do mundo. Autor de alguns livros sobre investimento, Lynch dividiu as empresas que participam do mercado de ações em seis categorias:

1 – Crescimento Lento (Slow Growers)

Como o próprio nome indica, são empresas que apresentam um crescimento gradual que, em geral, acompanha o desenvolvimento do PIB. Observa-se que tais empresas normalmente são empresas já consolidadas e de grande porte que já passaram pela sua fase de crescimento rápido e atingiram sua maturação no mercado.

Para o investidor, são empresas que mantém um pagamento regular de dividendos aos seus acionistas, mas pode não ser a melhor opção já que dificilmente o preço de suas ações apresentará uma variação acima do esperado.

2 – Confiáveis ou de Crescimento Moderado (Stalwarts)

As empresas confiáveis compreendem os gigantes corporativos que atuam no mercado. Em função do seu tamanho e cuidado com seus negócios, são empresas que passam a certeza ao investidor de que suas ações estarão seguras, mesmo em períodos de recessão. São também chamadas de crescimento moderado já que elas mantém um crescimento maior do que as empresas de crescimento lento, mas dificilmente apresentam retornos patrimoniais elevados ao investidor.

3 – Crescimento Rápido (Fast Growers)

Estas são as empresas que apresentam as maiores taxas de crescimento, chegando a 30% ao ano, e portanto, logo despertam a atenção dos investidores. Com este crescimento explosivo, é preciso cautela ao analisar este tipo de empresa para integrar um portfólio. 

Em geral, são empresas novas e pequenas, como startups e fintechs. Isto significa que o risco é elevado, da mesma forma que também é a expectativa de sua valorização. O maior desafio aqui é saber analisar as oportunidades e saber qual é o momento certo de investir ou de sair.

4 – Cíclica (Cyclicals)

Por sua vez, as empresas cíclicas são aquelas que apresentam períodos com resultados melhores e um aumento de receita e lucros, ao passo que em outros, este resultado será menor (podendo até ser negativo). Esse movimento cíclico que dá nome a esta categoria é constante e previsível para um bom analista financeiro. 

Estas empresas atuam em setores que são impactados com o período de recessão, mas que quando ele cessa, verifica-se um crescimento nas vendas e, consequentemente, um aumento dos preços das ações, podendo apresentar crescimentos superiores aos das empresas de crescimento rápido.

5 – Ativos Ocultos ou Subprecificados (Asset Plays)

Nesta categoria encontram-se as companhias que detém em seu patrimônio ativos extremamente valiosos, que podem até apresentar um valor maior do que aquele obtido para a empresa.

São empresas difíceis de serem identificadas já que um valuation delas foi feito ignorando o real valor de algum ativo que possui, logo este potencial fica adormecido até que alguém reconheça seu valor.

6 – Em Recuperação (Turnarounds)

Estas empresas encontram-se, temporariamente, enfrentando uma situação de maior dificuldade. Porém, com a implementação de mudanças drásticas e necessárias, é possível interromper um ciclo de resultados ruins e retomar o fôlego.

O que são empresas cíclicas

Conforme exposto, as empresas cíclicas (ou empresas sazonais) são aquelas cujos resultados apresentam oscilações previsíveis perante as flutuações da economia. Geralmente, são companhias que não conseguem ter um controle do preço de seus produtos e quando conseguem, é pequeno. Exatamente por isso estão muito suscetíveis às variações decorrentes de fatores externos, como o cenário econômico no qual estão inseridas.

É possível que os ciclos tenham diferentes durações, inclusive com épocas do ano onde a demanda de seus produtos é pequena e, portanto, onde se verifica uma queda do preço, o que por sua vez acaba impactando os resultados. Como essa queda da demanda é não apenas prevista, como também esperada, os empresários já se preparam para uma redução de produção durante este período.

Como dono ou acionista e investidor de uma empresa cíclica é muito importante conhecer o negócio que você tem em suas mãos para saber exatamente quais são os fatores que afetam seus resultados. 

Quando pensamos nas empresas cíclicas, em geral, podemos observar que se tratam de empresas de commodities. Isto significa que são empresas cuja produção funciona como matéria prima para a produção de outros bens. Uma característica destes produtos é sua capacidade de ser estocados sem apresentar perda de qualidade, o que é fundamental quando falamos que estão suscetíveis às oscilações de mercado.

Existem diversos tipos de commodities comercializados diariamente no mercado brasileiro, como:

  • Agrícolas (Café, trigo, soja, algodão);
  • Minerais (Ouro, petróleo, minério de ferro);
  • Ambientais (Água, gás, madeira);

Perceba que as empresas de tais setores apresentam um aspecto comum que é a forte dependência do mercado para a definição dos preços das mercadorias que comercializam. Isto significa que os preços, em geral estão intimamente ligados à lei da oferta e da demanda. 

Assim, nos períodos onde o preço está muito baixo, seja pela pouca demanda ou pela alta oferta (concorrência), a empresa estará obrigada a baixar seu preço e, consequentemente, reduzir consideravelmente sua receita.

Imagine uma empresa especializada no comércio e fornecimento de lenha, localizada no sul do Brasil. Perceba que durante o inverno, esta empresa poderá garantir um crescimento de venda em seu estoque mantendo um preço bom, ao passo que durante os períodos de verão e calor intenso, onde a demanda por tal produto é muito reduzida, seu preço também acompanha esta queda.

Dito isso, é interessante pensar como a avaliação de empresas pode ser aplicada a esse tipo empresarial e quais os cuidados que o avaliador deve ter ao analisar empresas chamadas de cíclicas.

Os desafios ao avaliar uma empresa cíclica (sazonal)

Incertezas e volatilidades são aspectos comuns a qualquer avaliação mas empresas cíclicas (ou sazonais) e de commodity sofrem mais por causa de fatores externos. Basicamente as firmas de ciclos acompanham os altos e baixos da economia assim como as empresas de commodity são bastante sensíveis aos preços dos produtos que vendem. Mesmo empresas maduras e estabilizadas desse ramo sofrem com a volatilidade no fluxo de caixa de suas operações.

A avaliação de empresa tem como principal objetivo encontrar o valor que uma determinada companhia tem no mercado em que atua. Este conceito é fundamental, especialmente quando tratamos de empresas que possuem ações sendo negociadas na bolsa de valores. 

Isto porque o valor é um dos fatores que são analisados pelos acionistas e investidores ao determinarem se uma ação é interessante sob o ponto de vista do investimento financeiro ou não. 

É claro que este não é o único fator considerado pelos analistas financeiros, mas é um dos mais significativos já que ele é resultado de outros indicadores importantes, como:

  • Receita e Despesa
  • Lucros
  • Fluxo de Caixa
  • Patrimônio

O laudo de avaliação é o documento produzido ao final do processo de valuation e representa uma visão completa do negócio, a partir do ponto de vista adotado pela metodologia de cálculo. 

Existem inúmeras metodologias, sendo que a escolha de qual empregar deve ficar a critério do avaliador tendo como base os objetivos do empresário ao solicitar a avaliação do seu negócio.

Por tanto, é fundamental que a escolha do seu avaliador seja uma escolha consciente de aquele profissional domina não apenas as técnicas necessárias para a aplicação dos mais variados métodos como também alguém que tenha experiência e conhecimento da sua área de atuação no mercado e as nuances que seu negócio apresenta.

É importante dizer que a avaliação de empresas é um processo caracterizado pelo seu subjetivismo, o que não deve ser confundido com um mero “achismo”. O avaliador, ao encontrar o valor justo do seu negócio o fará a partir de dados e premissas bem fundamentadas e que dão respaldo ao seu cálculo.

As especificidades de avaliar uma empresa cíclica

Como você pode ver, o processo de avaliação de uma empresa é um processo complexo onde o conhecimento das técnicas e a sensibilidade são fatores decisivos para um bom e fiel laudo de valuation. Quando pensamos nas empresas cíclicas, essas características são ainda mais importantes.

O primeiro aspecto que o avaliador deve ter cuidado é com a escolha do método empregado e da janela temporal utilizada para a análise. Como as empresas cíclicas apresentam resultados bem diferentes a depender do momento que estejam passando, o aspecto mais importante é conhecer bem como funciona o ciclo no qual aquele negócio está inserido.

Fica claro que uma análise descuidada e que ignore esses aspectos fundamentais das empresas cíclicas fatalmente conduzirão a um resultado equivocado. Perceba que se o avaliador avaliar um período de crescimento, sem considerar todo o ciclo, o resultado que encontrará será um maior do que o real. O inverso acontece quando ele toma como base apenas um período de baixa (recessão).

Como esses ciclos não apresentam um tempo certo, como o lapso de um ano fiscal, por exemplo, a escolha do avaliador torna-se a primeira decisão importante que o empresário tem para fazer. Por mais bem preparado que o profissional seja, existe uma diferença na forma como atua alguém que tem uma boa bagagem técnica e aquele que realmente já vivenciou e possui a experiência de mercado.

Alguns analistas acreditam que é possível prever o início do próximo ciclo, mas esta costuma ser uma má decisão e também que é longe de ser eficaz. O mais importante é ter a confiança de que você conta com uma equipe de profissionais que detém um conhecimento profundo sobre o tema e área de atuação, para minimizar ao máximo o risco na hora do empreendedor negociar sua empresa oferecendo laudos de valuation precisos e justos.

Se você possui uma empresa que atua no mercado de commodities ou mesmo que está vulnerável a uma demanda sazonal dos seus produtos, você certamente entende como funcionam estes ciclos. Portanto, evite seguir as recomendações de profissionais que não conheçam o funcionamento do seu setor e que tenham pouca experiência no avaliação de empresas cíclicas.

Se você está em busca de uma empresa que oferece um serviço completo e atento aos detalhes, entre em contato conosco. Valorizamos o seu negócio e entendemos a importância de produzir um laudo de valuation pautado em uma análise profunda da sua empresa. Nosso intuito é entender melhor o seu business e considerar as suas especificidades para então ser possível aferir o valor mais próximo daquele que é o valor real da sua empresa.

Entre em contato conosco para uma conversa!

Texto escrito por Paulo Eduardo Ballestrin e Tatiana Freire